quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sobre nossos impulsos e retenções


Coloco abaixo um texto que achei na web e que tem muito haver com nosso próximo encontro dia 14/11 sobre impulso e retenção


Eu e meu corpo, uma relação simbiótica.
“Para podermos compreender a formação do caráter, devemos saber da existência de um processo dialético ativo envolvendo o ego e o corpo. A imagem egóica molda o corpo por meio do controle exercido pelo ego, sobre os músculos voluntários. Inibimos, por exemplo, o impulso de chorar impelindo o queixo, contraindo a garganta, segurando a respiração e enrijecendo a barriga. A raiva, manifesta em socos, pode ser inibida contraindo-se os músculos da cintura escapular, o que empurra os ombros para trás. De início, estas inibições podem ser conscientes e tem por fim livrar a pessoa de mais conflitos e dores. Porém, a contração consciente e voluntária demanda um investimento de energia que não pode ser mantido por tempo indeterminado. Se é necessário inibir os sentimentos, indefinidamente, dado que exprimi-los é inaceitável pelo mundo da criança, o ego abandona o controle da situação sobre o ato proibido e retira a energia do impulso. A retenção do impulso passa a ser inconsciente e os músculos devem permanecer contraídos pela falta de energia necessária a sua expansão e descontração. A energia liberada por este mecanismo pode, a seguir, ser investida em outros atos que sejam aceitáveis e este é o processo que dá nascimento à imagem do ego.” (A bioenergética - Alexander Lowen - Summus Editorial, 10º edição. pág. 125)
Simples! O ego (palavra alemã cunhada por Sigmund Freud que significa “eu”) se forma junto com o corpo. E mais que isso, ambos são ressoantes, espelhos um do outro. O analista corporal bioenergético bem treinado na leitura corporal, ao observar o corpo de um ser humano, capta sua história através de vários sinais que esta estrutura chamada corpo nos comunica.
Por padrões de tensão muscular, pela cor da pele, flacidez, rubor, posição óssea, simetria dos membros, pelos apoios que usamos para nos mantermos em pé, pela forma de olhar, apertar a mão, abraçar, etc, o corpo comunica nossa história de vida. Nele se manifestam nossos desejos mais íntimos. Com milhares de anos, (bem mais do que nosso tele encéfalo desenvolvido) carrega uma sabedoria incomensurável. Já é de conhecimento científico que as fáscias, estruturas que envolvem nossos ossos carregam nossa memória corporal. Muito antes da articulação do discurso verbal ser adquirida e elaborada pelo então “criança humano”, nosso corpo já registrava os eventos mais significativos. Aqui, a frase de Wilhelm Reich ”o corpo é o inconsciente visível” encontra eco. Imenso é o conhecimento de nosso corpo. Saber ouvi-lo, ter consciência dele, de sua linguagem, são raros os que o conseguem sobre a terra. Daí me pergunto: se eu não tenho consciência de meu corpo, poderei sentir o outro?! Se eu não tenho consciência dos meus prazeres e dos determinantes de meus limites, poderei proporcionar prazer e respeitar os limites do próximo!? Até onde essa expressão de sentido duplo: “me sinto mal” reflete nossa inconsciência de nós mesmos?! Até onde a desconexão com as leis básicas da natureza reflete nossa desconexão com nosso corpo, com nossa essência...
Enfim, deixando a tragédia humana de lado, e voltando para o mundo das idéias e das pesquisas da educação somática ocidental, lhes apresento aqui minha perspectiva sobre as relações entre mente e corpo.
Bem vindos ao mundo das infinitas possibilidades!
Meus companheiros nessa jornada serão o doutor Sigmund Freud, seu discípulo Wilhelm Reich, Alexander Lowen, o grande bailarino Klauss Vianna, Rudolf Laban, o russo Moshe Feldenkrais, a francesa Thérèse Bertherat, Fritjof Capra, Giordano Bruno, Federico Navarro, David Boadella, Ola Raknes, Elsworth F. Baker entre outros.
Dentre todos os citados me aterei às idéias e formulações deste médico austríaco chamado Wilhelm Reich. Reich mapeou nosso corpo de acordo com as cadeias musculares e as relacionou com humores e emoções, em outras palavras, encontrou o lugar que o psiquismo ocupa em nosso corpo. Será também este o tema principal de minhas elucubrações por aqui.
Alimento expectativas positivas. Espero críticas sinceras e desejo ser um bom anfitrião em nossa visita ao mundo da psicoterapia corporal.

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